Agricultura familiar

Para Maria José Carneiro (1998):

  • a família é o agente integrador no interior dos estabelecimentos agropecuários
  • é nas inter-relações entre os domínios de parentesco e do trabalho que se encontram as principais relações que articulam e estruturam os indivíduos na unidade familiar e na própria vizinhança
  • laços de parentesco, não secessariamente sangue
  • famílias nucleares e famílias extensas

Trabalho coletivo, mutirão e puxirum

rabalho coletivo, mutirão e puxirum; um ajuda o outro, nao tem vizinho passando fome, existe troca, solidariedade, reciprocidade. sempre cabe mais um na mesa, sempre tem um ovo pra dar, um açúcar, um café… não esperam nada em troca. é uma forma com base “comunista” de viver. ACHEI A PROFA FALANDO ISSO LINDO, que é um valor estruturando do rural campesino.

A gente nao sabe nem quanto da produção é usada para autoconsumo! A economia nao calcula isso!! 😯 Dados economicos, mesmo. Indices. É um índice invibilizado, desqualificando a produção de subsistência. Autores que tratam da segurança alimentar falam sobre isso.

Ler os textos:

  • Objetivo: O artigo investiga o papel do autoconsumo na agricultura familiar no Rio Grande do Sul e foca na sua contribuição para a autonomia e reprodução social dos agricultores familiares no Rio Grande do Sul. Vai falar de: autonomia familiar, sociabilidade entre os agricultores e segurança alimentar, além de contribuir para a transmissão de conhecimentos tradicionais (saber-fazer) entre gerações​.
  • Metodologia:  Entrevistas semiestruturadas com agricultores familiares de seis municípios da Região do Alto Uruguai/RS, além de conversas com representantes políticos e de desenvolvimento local.
  • Resultados: O autoconsumo garante a subsistência e a segurança alimentar das famílias, reduzindo sua dependência do mercado e promovendo a diversidade agrícola.
    Ele fortalece a autonomia dos agricultores ao permitir que eles não dependam integralmente do mercado para suprir suas necessidades básicas. Além disso, o autoconsumo promove a sociabilidade, com a troca de produtos e saberes entre famílias​.
  • Importância da Sociobiodiversidade: A produção para autoconsumo resiste às pressões mercadológicas que incentivam a monocultura e o uso intensivo de insumos externos​. Assim, fortalece a conservação da sociobiodiversidade, mantendo o cultivo de variedades locais e os saberes tradicionais.

Conclusão: O autoconsumo é essencial para a autonomia das famílias, permitindo que elas mantenham sua independência, identidade e preservem suas práticas culturais e agrícolas. A produção familiar para consumo próprio ainda desempenha um papel importante na coesão social das comunidades rurais​.

  • Objetivo: Analisar os hábitos alimentares das famílias ribeirinhas da comunidade de Surucuá, na Resex, destacando a presença de produtos da sociobiodiversidade em sua alimentação.
  • Metodologia: Entrevistas com 15% das famílias da comunidade, combinadas com observações diretas sobre as práticas alimentares e extrativas da região. O estudo também contou com observações diretas sobre a alimentação local, abrangendo 63 espécies da biodiversidade consumidas pelas famílias, das quais 24 não estão reconhecidas oficialmente como produtos da sociobiodiversidade.
  • Resultados: A dieta das famílias é fortemente baseada em produtos da sociobiodiversidade, como açaí, castanha-do-pará e mandioca, que são consumidos regularmente e sustentam a subsistência local.
  • Importância da Sociobiodiversidade: A preservação das práticas extrativistas e o uso de produtos locais garantem a sustentabilidade alimentar e a manutenção de conhecimentos tradicionais.
  • Conclusão: A relação das famílias com a sociobiodiversidade é central para sua segurança alimentar e reprodução social, promovendo a conservação dos recursos naturais da região.
  • Objetivo: Explorar as práticas de trabalho dos camponeses amazônicos em áreas de várzea, igapó e terra firme. Descreve como eles utilizam os recursos naturais para sustentar suas famílias, abordando o extrativismo, a agricultura e a caça, que se relacionam com a reprodução social dessas comunidades, as dinâmicas de trabalho e os ciclos naturais.
  • Metodologia: Observações etnográficas e entrevistas com camponeses de várias microrregiões da Amazônia, com foco nas práticas de extração e agricultura.
  • Os dados são apresentados de forma quantitativa e qualitativa, com uma análise detalhada das atividades produtivas e extrativas dos camponeses, além da classificação dos produtos florestais e animais extraídos​.
  • Resultados: O extrativismo de madeira, caça e plantas medicinais é fundamental para a sobrevivência das famílias. As práticas são realizadas de maneira sustentável, respeitando os ciclos da natureza.
  • tanto para consumo próprio quanto para comercialização. 
  • Produtos como madeira, lenha, frutos e plantas medicinais são essenciais para a subsistência das famílias camponesas. 
  • Importância da Biodiversidade: A diversidade de produtos vegetais e animais extraídos nas florestas amazônicas é crucial para a sobrevivência das famílias camponesas. As práticas de extração são adaptadas aos ciclos naturais da região, e o conhecimento tradicional sobre o uso sustentável dos recursos florestais garante a preservação da biodiversidade.
  • Dinâmica do Trabalho: Os camponeses conciliam atividades de agricultura e extrativismo conforme os ciclos das águas e as estações, revelando uma relação adaptativa com o ambiente

Conclusão: As florestas de várzea e terra firme são essenciais para a reprodução social e econômica dos camponeses amazônicos. O artigo destaca como as práticas de trabalho, aliadas ao conhecimento tradicional, permitem a exploração sustentável dos recursos naturais, garantindo tanto a subsistência quanto a manutenção da biodiversidade local

  • Objetivo: Analisar como as classificações alimentares refletem as divisões de gênero e gerações nas famílias camponesas, destacando as relações entre comida, trabalho e papéis sociais.
  •  Ao investigar o papel da comida, o estudo discute como essas hierarquias organizam o trabalho, os espaços e os papéis de homens e mulheres no contexto rural.
  • Metodologia Estudo etnográfico com observações e entrevistas em uma comunidade rural do Vale do Taquari, de origem alemã, no Rio Grande do Sul.   
  • Observações participantes e entrevistas foram utilizadas para coletar dados sobre as práticas alimentares e classificações de gênero​.
  • Resultados: A comida é usada para organizar o trabalho familiar. Alimentos mais pesados, como carne e feijão, são associados aos homens, enquanto produtos mais leves, como hortaliças, são ligados às mulheres.
  • Há também uma hierarquia clara entre o trabalho no roçado (domínio masculino) e o trabalho doméstico (domínio feminino) .
  • Importância da Sociobiodiversidade:As práticas alimentares camponesas valorizam os produtos cultivados nas próprias propriedades, o que reflete uma ligação com a terra e os ciclos naturais. A produção de alimentos para o autoconsumo é central para a reprodução social das famílias e mantém vivas tradições de cultivo e preparo de alimentos
  • Conclusão: A comida não apenas alimenta, mas também reforça os papéis sociais e as tradições culturais, sendo um elemento central na transmissão de conhecimentos entre gerações.
  • Objetivo: Explorar as transformações e o que permanece nas práticas tradicionais das casas de farinha, analisando como novas tecnologias mudaram, mas não descaracterizaram, o processo artesanal de produção de farinha de mandioca.
  • comunidade rural na região do Baixo Tocantins, no Pará. 
  • O foco é compreender como as mudanças no processo de beneficiamento da mandioca influenciam a dinâmica social da casa de farinha, que é vista como um espaço de sociabilidade e transmissão cultural.
  • Casa de Farinha como Espaço de Sociabilidade: A casa de farinha não é apenas um espaço de trabalho, mas um local de socialização, onde valores, conhecimentos e tradições são passados entre gerações.
  • Metodologia: Observação participante, entrevistas com quatro famílias da comunidade rural de Baratinha, fotografias etnográficas das casas de farinha e atividades produtivas.
  • Quatro famílias participaram diretamente das atividades produtivas observadas, permitindo uma análise detalhada do processo de produção e das interações sociais envolvidas
  • Transformações no Processo Produtivo: A introdução de novas ferramentas e tecnologias trouxe melhorias, mas o processo continua sendo artesanal. Mudanças como a substituição de fornos de cerâmica por de alvenaria e o uso de tanques para amolecimento da mandioca foram notáveis.
  • Resultados: Houve uma introdução de novas ferramentas, como fornos de alvenaria e motores, mas o trabalho nas casas de farinha manteve seu caráter tradicional. A produção artesanal ainda é essencial para a subsistência das famílias.
  • Mantém sua função social como um espaço de encontro e colaboração entre familiares e vizinhos, apesar da diminuição de práticas como os mutirões e do envolvimento dos jovens nas atividades. 
  • A produção de farinha continua sendo parte crucial da subsistência das famílias, ao mesmo tempo que preserva a memória e os saberes tradicionais​
  • Continuidade Cultural: Mesmo com as transformações, a produção de farinha mantém sua relevância cultural e social, sendo um espaço central na reprodução de tradições familiares e comunitárias .
  • Objetivo: Investigar as conexões entre os agricultores familiares do entorno da vila Santa Fé  e a cidade de Marabá, no Pará, para entender como essas relações sustentam a reprodução social e econômica das famílias.
  • Busca compreender como essas relações influenciam a reprodução social e econômica dos agricultores familiares, além de explorar a dinâmica de trocas e influências mútuas entre o rural e o urbano​.
  • Metodologia: Entrevistas com agricultores familiares, observação direta das interações entre o campo e a cidade, especialmente em termos de comércio e acesso a serviços.
  • O estudo abrangeu aspectos como a comercialização de produtos agrícolas, o acesso a serviços urbanos e as práticas de consumo dos agricultores
  • Resultados: O estudo revelou que os agricultores familiares mantêm uma relação dinâmica com a cidade, utilizando-a como um espaço para comercializar seus produtos, adquirir insumos e acessar serviços de saúde e educação. Essas interações são essenciais para a sustentabilidade econômica e social das famílias rurais. Além disso, observou-se uma crescente urbanização de hábitos e costumes entre os agricultores, o que reflete as trocas culturais e econômicas contínuas entre o campo e a cidade
  • Dinâmica Rural-Urbana: Os agricultores dependem da cidade para vender seus produtos e adquirir insumos, criando uma relação interdependente.
  • Importância da Sociobiodiversidade: A produção agrícola familiar é um elemento central nas relações entre o campo e a cidade, especialmente no que diz respeito à comercialização de produtos da sociobiodiversidade, como frutas e plantas medicinais. Essas práticas contribuem para a manutenção de conhecimentos tradicionais e a conservação ambiental
  • Relação com a Floresta: A produção familiar é sustentada pelo uso de recursos naturais das florestas de várzea e terra firme, conciliando práticas agrícolas e extrativistas.
  • Conclusão: A relação entre campo e cidade é de troca mútua, e essas conexões permitem a manutenção tanto da vida rural quanto da economia urbana, configurando uma relação de interdependência.
  • O estudo destaca a interdependência entre o campo e a cidade, mostrando como as conexões estabelecidas entre esses dois espaços são fundamentais para a reprodução social e econômica dos agricultores familiares. As trocas comerciais, culturais e de serviços fortalecem tanto as comunidades rurais quanto a cidade de Marabá, revelando uma relação de reciprocidade que molda o modo de vida dos agricultores.

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