Estrutura florestal

Tabela fitossociológica da floresta

A tabela fitossociológica é um instrumento técnico-científico que organiza dados sobre a composição e estrutura de uma floresta. Nela, são listadas todas as espécies encontradas em uma área amostrada, com indicadores como:

  • Frequência (com que frequência uma espécie aparece nas parcelas),
  • Densidade (número de indivíduos por hectare),
  • Dominância (área basal ocupada pelos indivíduos de cada espécie),
  • Valor de Importância (VI) — índice que combina frequência, densidade e dominância

Além de indicar quais espécies têm maior valor comercial, a tabela também mostra quais são espécies-chave para o equilíbrio ecológico, como árvores que abrigam fauna, participam da regeneração natural ou são fundamentais na ciclagem de nutrientes. Isso ajuda a orientar práticas de manejo que respeitem os limites ecológicos da floresta.

💼 Visão de mercado: Usada para identificar quais espécies têm maior potencial comercial, abundância e distribuição.

🌱 Visão ecológica: Ajuda a compreender o papel de cada espécie na manutenção da estrutura e funcionamento do ecossistema, permitindo proteger espécies raras, chave ou endêmicas.

Inventário com levantamento da vegetação

É o processo de coleta sistemática de dados sobre as árvores ou vegetação de uma determinada área florestal. Pode ser:

  • Qualitativo: identificação das espécies, estágios sucessionais.
  • Quantitativo: altura, diâmetro à altura do peito (DAP), área basal, volume.

💼 Visão de mercado: Fundamenta o manejo sustentável, permitindo calcular quanto pode ser extraído sem comprometer a regeneração e o ciclo produtivo.

🌱 Visão ecológica: Fornece um retrato da biodiversidade e serve como base para planos de restauração, conservação e zoneamento ambiental.

Análise da estrutura da floresta horizontal, vertical e BDQ (área basal, diâmetro, quantidade)

A estrutura florestal pode ser analisada de três formas complementares:

1. Estrutura horizontal

  • Refere-se à distribuição espacial das árvores no terreno (densidade, espaçamento, agrupamento).
  • Pode indicar competição por recursos ou clareiras naturais.

2. Estrutura vertical

  • Avalia os estratos de altura da floresta (sub-bosque, dossel inferior, superior etc.).
  • Importante para entender estratificação da luz, habitat de fauna, dinâmica de crescimento.

3. BDQ – Área Basal (B), Diâmetro (D), Quantidade (Q)

  • Área basal (B): soma da área ocupada pelos troncos a 1,30 m do solo (em m²/ha).
  • Diâmetro (D): média dos DAPs das árvores, importante para estimar volume e idade.
  • Quantidade (Q): número de árvores por hectare.

💼 Visão de mercado: Permite planejar colheitas, prever produção e ajustar intervenções de manejo.

🌱 Visão ecológica: Ajuda a manter o equilíbrio entre espécies pioneiras, secundárias e clímax. Garante a diversidade funcional e o equilíbrio da floresta viva.

Grupos ecológicos

  • Pioneiras
  • Secundárias iniciais e tardias
  • Clímax

Bazzar, Piquet, Withmore

🌱 1. Espécies Pioneiras

  • São as primeiras a colonizar áreas abertas após uma perturbação (desmatamento, clareira, queimadas).
  • Crescimento rápido, ciclo de vida curto, sementes pequenas, grande produção de sementes.
  • Exigem muita luz (heliófitas) e toleram solos pobres.

📌 Ex: Cecropia spp. (embaúba), Trema micrantha

🧠 Ecologicamente: restauram o solo e preparam o ambiente para espécies mais exigentes.

💼 No mercado: pouco valorizadas como madeira, mas muito importantes na restauração florestal.

BANCO DE SEMENTES

🌿 2. Secundárias Iniciais

  • Entram logo após as pioneiras, com crescimento moderado, mas ainda rápido.
  • Suportam meia sombra, mas precisam de alguma luz direta.
  • São intermediárias: ajudam a dar continuidade ao processo de sucessão.

📌 Ex: Schizolobium amazonicum (paricá), Inga spp.

🧠 Ecologicamente: aumentam a diversidade e promovem estrutura mais complexa.

💼 No mercado: algumas já têm valor comercial.

BANCO DE PLÂNTULAS

🌳 3. Secundárias Tardias

  • Espécies de crescimento lento, mas mais resistentes.
  • Toleram melhor a sombra e têm madeira de alta densidade.
  • Longa longevidade, maior resistência a pragas.

📌 Ex: Dipteryx odorata (cumaru), Hymenaea courbaril (jatobá)

🧠 Ecologicamente: fundamentais para a estabilidade da floresta a médio e longo prazo.

💼 No mercado: muito valorizadas — são as “madeiras nobres”.

BANCO DE PLÂNTULAS


🌲 4. Espécies Clímax

  • Representam o estágio final da sucessão, presentes em florestas maduras.
  • Muito resistentes, crescimento lento, longevas, altamente tolerantes à sombra.

📌 Ex: Bertholletia excelsa (castanheira-do-pará), Cariniana legalis (jequitibá)

🧠 Ecologicamente: garantem perenidade e funcionamento completo do ecossistema.

💼 No mercado: altamente valorizadas, mas exigem manejo muito cuidadoso e ciclos longos.

BANCO DE PLÂNTULAS


📚 Bazzar, Piquet e Whitmore

São autores que contribuíram para entender e classificar a sucessão ecológica nas florestas tropicais:

🌿 Bazzaz (1984)

  • Trabalhou com respostas fisiológicas das plantas à luz e às perturbações.
  • Diferenciou espécies com base na resposta à luz e ao ambiente: pioneiras (heliófitas) vs. tolerantes à sombra (umbrófilas).

🌱 Piketty (Piquet)

  • Desenvolveu estudos aplicados na Amazônia brasileira.
  • Enfatizou o uso do manejo florestal sustentável com base na classificação sucessionais.

🌳 Whitmore (1990)

  • Um dos grandes nomes da ecologia tropical.
  • Propôs uma classificação funcional baseada na ecologia da regeneração: pioneiras, secundárias e clímax.
  • Destacou o papel das espécies tolerantes à sombra como fundamentais na manutenção da floresta tropical.

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