Raiz

Aula 26/09 | professora Cristina Aledi Felsemburgh

Germinação e o desenvolvimento de plântulas

Uma semente é um óvulo maduro que guarda o embrião de uma planta gimnosperma ou angiosperma, junto com uma reserva de energia para que ela possa brotar. A partir da germinação da semente, surge o eixo hipocótilo-radícula, sendo que o hipocótilo se desenvolverá em epicótilo, que corresponde ao meristema apical caulinar do embrião. A radícula do embrião é a primeira estrutura a emergir, fixando o futuro broto ao substrato e absorvendo água e nutrientes. A plântula é a primeira fase da planta recém-brotada, uma pequena planta resultante do embrião.

Raiz, o primeiro órgão

@arvoreagua

Além de fixar (ancorar) a planta no solo, a principal função da raiz é absorver água e sais minerais (seiva bruta). A raiz também pode ter a função de reserva e suporte. Geralmente, constituem o sistema subterrâneo e são conduzidas em direção ao solo, por apresentarem geotropismo positivo, ou seja, seu crescimento é orientado pela ação da gravidade.

É um órgão comumente aclorofilado e não segmentado, pois são desprovidas de nós e consequentemente não desenvolvem folhas, exceto em casos específicos e raros, onde algumas plantas apresentam raízes gemíferas, assim chamadas por apresentarem gemas (abaixo, em caule).

Partes da raiz:

  • meristema: onde são produzidas as novas células da raiz;
  • coifa ou caliptra: é um revestimento que protege meristema no ápice radicular, atenuando o atrito com as partículas do solo durante o crescimento das raízes terrestres e protegendo-as também contra o ataque de microrganismos e reduzindo a desidratação (principalmente nas raízes aéreas). As camadas mais externas da coifa são periodicamente substituídas (exceto em raízes de plantas aquáticas), conferindo maior desenvolvimento por sobreposição de camadas.
  • zona de crescimento ou lisa: nesta zona, acontece a multiplicação celular do ápice da raiz (região meristemática) para promover o crescimento da raiz. Assim, esta é a zona responsável pelo alongamento da raiz em função do crescimento de suas células. O nome “lisa” decorre do fato de que a epiderme dessa região apresenta-se sem pelos radiculares
  • zona pelífera: células absorventes com presença de pelos radiculares, por onde a planta absorve água e sais minerais;
  • zona suberosa ou de ramificação: onde crescem ramificações e surgem as raízes secundárias.

Sistemas radiculares:

  • sistema pivotante ou axial: com a presença de uma raiz primária principal que se origina da radícula do embrião (origem embrionária); comum às gimnospermas e angiospermas eudicotiledôneas. Ex: café, feijão, amendoim, jabuticaba, goiaba, laranja, entre outros;
  • sistema fasciculado, adventício ou de cabeleira: com a raiz primária atrofiada, o sistema em cabeleira se origina após a emissão da radícula, quando surge o coleóptilo (capa protetora do epicótilo) e posteriormente formam-se as raízes adventícias ou ramificações finas e aproximadamente do mesmo tamanho na região da base caulinar e do hipocótilo, sendo comum às monocotiledôneas. ex: cebolinha, alho-porró, grama, arroz, milho, cana-de-açúcar, bananeira, orquídeas, entre outros.

Tipos de raiz em relação ao habitat:

Estratégias adaptativas das mais variadas espécies e suas diferentes circunstâncias físicas e naturais que oferecem condições favoráveis à vida e ao desenvolvimento de determinada espécie. No reino vegetal, um habitat é composto de fatores físicos como solo, umidade, intervalo de temperatura e intensidade da luz, bem como fatores bióticos, como a disponibilidade de alimentos e a presença ou ausência de predadores.

  • raízes aéreas grampiformes ou aderentes: crescem sobre outras plantas ou suportes e usam as raízes para se fixar, podendo atingir vários metros. Ex: epífitas (como as orquídeas) e trepadeiras (como a hera);
  • raízes aéreas sugadoras ou haustórios: parasitárias, sugam seiva da outra planta através de raízes adventícias com órgãos de contato, os apressórios, onde surgem as raízes finas, os haustórios, que são órgãos sugadores que penetram no corpo da planta hospedeira. Ex: erva-de-passarinho (hemiparasita que suga o xilema), cipó-chumbo (holoparasita que suga o floema);
  • raízes aéreas de suporte tipo escoras: ajudam a fixar a planta no solo tipo escoras ou fúlcreas são adventícias e se desenvolvem em direção ao solo, deixando espaços;
  • raízes áereas de suporte tipo tabulares: ajudam a fixar a planta no solo do tipo tabulares ou sapopemas atingem um grande desenvolvimento e assumem o aspecto de tábuas perpendiculares ao solo ex: samaúma.
  • raízes respiratórias: nas espécies adaptadas para manguezais e pântanos com solos lamacentos e áreas alagáveis ou inundáveis com baixo nível de oxigênio, as raízes respiratórias têm o geotropismo negativo e, assim, crescem contra a ação da gravidade, atingindo a atmosfera para realizar trocas gasosas e garantir a sobrevivência da planta. As raízes apresentam lenticelas chamadas pneumatódios em toda sua extensão, orifícios que permitem a obtenção de oxigênio. Possuem também aerênquimas desenvolvidos;
  • raízes aquáticas: com a coifa bem desenvolvida para proteger o meristema de ataques de peixes. Ex: vitória régia;
  • raízes tuberosas: subterrâneas, armazenam nutrientes; tuberosa axial ou primária com função de reserva ex: cenoura, nabo, rabanete; tuberosa fasciculada ou adventícia com função de reserva. Ex: macaxeira; Tuberosa secundária. Ex: batata-doce.

Qual a diferença entre raiz tuberosa, tubérculo e bulbo?

  • raízes tuberosas: atuam como órgãos especiais de reserva, especialmente o amido, e se desenvolvem na zona de ramificação ou suberosa. A reserva ocorre normalmente no tecido parenquimático. Ex: cenoura, a batata-doce, o nabo, a mandioca e a beterraba;
  • tubérculos: é um caule subterrâneo, com presença de botões vegetativos (gemas), popularmente chamados de olhos. Ex: a batata comum, ou inglesa;
  • bulbos: estruturas subterrâneas formadas por folhas modificadas, chamadas catafilos, e caule. A região central é composta pelo caule, e o que a circunda são as folhas modificadas, aqui protegendo as gemas e acumulando substâncias nutritivas. Ex: cebola e alho.

Questões da apostila de atividades práticas da disciplina (pág 7-9):

  1. Diferencie a raiz axial da raiz fasciculada:
    A raiz axial ou pivotante tem a presença de uma raiz principal primária que se origina da radícula do embrião e é comum das euticotilidôneas. O sistema de raiz fasciculada, que também é conhecida como raiz adventícia ou de cabeleira, tem a raiz primária atrofiada e se originam de um ponto de onde partem ramificações finas e aproximadamente do mesmo tamanho, sendo comum às monocotiledôneas.
  2. Cite e explique 3 funções da raiz:
    Além de fixar (ancorar) a planta no solo com a função de fixação (1), a raiz tem a função de absorver água e nutrientes (2), podendo também ter a função de reserva (3) e suporte (4).
  3. Como as raízes podem ser classificadas quanto ao habitat?
    Quanto aos diferentes habitats e suas circunstâncias físicas e naturais, as raízes desenvolveram estratégias adaptativas para seu desenvolvimento, podendo ser classificadas em aquáticas, respiratórias, subterrâneas, aéreas ou de suporte.
  4. Você conhece raízes comestíveis? Cite e classifique-as:
    Alguns exemplos de raízes comestíveis apresentados em aula foram a mandioca, a cenoura, o nabo, o rabanete e a batata-doce. Essas são raízes tuberosas e elas atuam como órgãos especiais de reserva de nutrientes. É importante distinguir raízes tuberosas dos tubérculos (caules modificados) e bulbos (folhas modificadas), uma vez que esses dois não são raízes.
  5. O que são lenticelas? Qual é a sua função nas raízes?
    As lenticelas são pequenos orifícios na superfície da raiz (mais comumente do caule) que servem para realizar trocas gasosas. As raízes respiratórias apresentam lenticelas chamadas pneumatódios em toda extensão, permitindo a obtenção de oxigênio. Nessas raízes, ocorre também a formação de aerênquimas desenvolvidos, um tecido respiratório com grandes espaços intracelulares.
  6. Explique o que é geotropismo negativo e por que ele ocorre nas raízes respiratórias?
    O geotropismo negativo é o crescimento da raiz respiratória contra a ação da gravidade para que as raízes atinjam a atmosfera e possam realizar trocas gasosas garantindo a sobrevivência da espécie adaptada a habitats de solos lamacentos ou inundáveis como manguezais, pântanos e várzeas.
  7. Nas plantas aquáticas a coifa geralmente é bem desenvolvida. Explique:
    Nas plantas aquáticas, a coifa que protege o meristema no ápice radicular é bem desenvolvida para impedir o ataque de microorganismos e animalículos que vivem na água.
  8. Pensando em nossa região, em que muitas plantas estão submetidas por um período de tempo à cheia dos rios, quais modificações morfológicas podem ocorrer para que ela consiga se manter viva? Explique:
    As espécies adaptadas às cheias dos rios desenvolvem as raízes respiratórias que têm o geotropismo negativo e, assim, atingem a atmosfera para realizar trocas gasosas garantindo a sobrevivência da planta.

Saiba mais:

Raiz – Esalq/USP: https://bit.ly/3dV8Cbo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *